Oikos Nomia, a Gestão/Regra da
Casa. Uma amiga acaba agora a sua licenciatura nesta àrea. Conquanto com um
curriculo impressionante, profundo e exigente , nele não se inclui Educação
civica, Psicologia, Sociologia, História ( nunca em 3 anos lhe ensinaram que salário
vem de sal, foi explicado o conceito de permuta e troca por generos mas não
exemplificado e explicado como tal foi feito ao longo da história nem mesmo o
porquê e como de se começar a fazer cunhagem de metais para moedas e mais tarde
a criação de papel moeda- vulgo nota, etc), não inclui geopolitica, etc etc.
Oikos ou Casa não é apenas tijolo e argamassa, não é aço, vidro,
tinta e telha. Casa é onde sós ou em
conjunto encontramos segurança, propósito, apoio e crescimento.Os economistas e os
"chefes" de hoje mesmo quando papagueiam códices de boas praticas,
quando na ponta da língua nos citam Sun Tzu ou Osho ou a Biblia, raramente no seu dia a
dia exercem auto-disciplina, compaixão, equidade, relativização face a
prioridades empíricas. A economia actual é economicista, ou seja alimenta-se dos que a
compoem mas serve-se a si mesma somente. Ora do que servem numeros, metodos de
calculo, fórmulas complexas se não servirem uma utilidade e que o seja para os
seus autores e contributores? Pode a cabeça existir sem o
torso? Pode a mão dispensar o resto do corpo? Não há essencia ou
proposito in-hilo numa filosofia, numa religião, num sistema politico ou numa
religião- tanto quanto não há inerente valor ou razão de ser num copo de àgua
pousado numa duna do deserto do Sahara a 4000km de qualquer humano.
Um livro é apenas um
aglomerado de pasta de papel, linha, tinta e couro, um livro não o é até que
alguém nele pegue e o leia- até ser lido um livro é apenas matéria inerte,
lido é conhecimento e emoção
transmitido.Assim uma economia cega e
auto-serviente é oca e inutil e só terá valor na directa proporcionalidade da
sua utilidade para os que a pegam, alimentam e com ela crescem- ou não.
A axiologia, o estudo do
valor intrinseco de algo- tendando ser o mais empirico e o menos moralista possivel, o
utilitarismo- a medida em que se avalia a practicalidade e utilidade de um
objecto, principio ou pessoa para determinado fim (esperamos o bem comum) e a
compaixão universal (o desejo sincero e empático pelo bem estar fisico, mental,
emocional e espiritual de todas as criaturas vivas), são, na minha opinião,
réguas pelas quais podemos medir, escalar e avaliar seja uma economia, um
comportamento, uma religião, etc etc.
Entendo que nenhum humano
conhecxe todas as partes da equação da vida, que nenhum de nós é sabedor do
todo nem do porvir, podemos ainda assim na nossa limitada esfera de
conhecimento tentar aferir o maximo numero possivel de factos, entender as
implicações das escolhas, vislumbrar os desfechos possiveis e quando em duvida,
aplicar o Principio da Navalha de Ocham, "Se em tudo o mais forem
idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor"
Simples não é insulto nem
sinonimo de simplorio, é de facil aplicabilidade e mais proveitoso e capaz meio
de obter os resultados pretendidos.
Assim, a economia, enquanto
sistema de gestão de uma Casa, duma familia, duma empresa, dum municipio, dum
governo, só é útil para o bem comum se
e só se:
1) Axiologia: For baseada
em valores empiricos, factos, numeros concretos (mesmo que apenas previstos mas
com base em realidade não interpretativa mas pura- o que não é feito nas
estatisticas de quase todas as empresas onde com uma pequenissima triangulação
ou nova proporcionalidade não real se consegue manipular um relatorio completo
de modo que se sirvam os propositos inicialmente estipulados mesmo que nao
sejam realistas, factuais ou sequer justos). Infelizmente, é muito comum que quem paga é que decide se publica ou nao, se edita (que é como quem diz, sacode
as equaçoes e reinterpreta) ou deixa como é. Esta má gestão é um des-serviço a
boa economia e bons principios de quantificação e gestão e é pratica comum até
no sector farmaceutico e alimentar- o que notamos quando empresas diferentes
apresentam valores e conclusoes escandalosamente dispares sobre o mesmo objecto
de estudo- e depois se conciliam quando so por acaso há uma aquisição desta ou
doutra parte causando um conflito de interesses mas que porque por detras da
cortina publica, ninguem nota e ninguem quer notar.
2)Utilitarismo. A economia
e a gestão como um todo teem de ser de utilidade directa, comprovavel,
quantificavel e qualificavel por todas as partes envolvidas. Uma empresa que
permite atrasos constantes não é utilitaria- a produtividade fica comprometida,
a coesão da equipa é afectada (os que cumprem versus os outros) e o proprio
trabalhador que esta a chegar atrasado é prejudicado pois nao cresce, nao
atinge o seu potencial e não o estamos a preparar para crescer dentro da
empresa. Liderar seria falar com a pessoa, por exem,plo, sem fazer uma
inquisição, sem juizos de valor, sem comentarios moralistas, simplesmente expor
os factos, os numeros- minutos de atraso e trabalho calculado não feito, como
isso esta a afectar o proprio e a equipa e oferecer disponibilidade para ajudar
a ultrapassar esse percalço. Já pensaram que se calhar um colega atrasado é
alguem que vai por os miudos na escola? Ou uma pessoa que luta em silencio
contra uma doença crónica? Um colega nosso pode ter começado a chegar atrasado
porque se sente invisivel, inutil e não valorizado . Ou pode, é um facto- mas
por experiência é o menos comum- ter um ponto de melhoria comportamental e o
atraso ser de falta de assertividade (o que volta a questao de que não se sente
util nem de impacto no seu meio). Duma forma ou outra utilitarismo seria
aplicar as tecnicas de gestão de emoções, gestão de tempo, gestão de recursos
(porque temos de saber quanto produz cada um para avaliar quanto produzem todos
e dai saber quanta pessoas são precisas para fazer o quê, quando e como), duma
forma que seja factual, não moralista, de beneficio directo (imediato e
meio/longo termo) para ambas as partes. Na economia podiamos aplicar este
principio sendo sinceros, lógicos e realistas quando fazemos contas- saber distinguir o que queremos do que precisamos,
saber que embora querer e precisar sejam diferentes e tenham importancias
diferentes , ambos devem ser satisfeitos. Um trabalhador sem tarefas é um
desperdicio ao proprio e à empresa; um trabalhador sem valorização moral e sem
dinheiro para se alimentar e viver com dignidade (nao falo luxo, falo um
trabalhador nao ter de dizer ao filho para beber agua porque nao lhe pagam para
dar leite) não vai aguentar muito tempo, não vai ter empatia com a equipa e
liderança e tem maior probabilidade de ser um obstaculo a mudança e a decisões
hierarquicas que nem sempre podem ser explicadas em detalhe. Um trabalhador por
quem puxamos tanto quanto apoiamos (nem mais nem menos de nenhum lado) é alguém que sabemos nos vai dizer
as coisas na face, que é mais permeavel a ser formado/ensinado em novos
procedimentos, que mais facilmente tera empatia e confiança- porque existe
reciprocidade e respeito a par de numeros e metas, o que implica mais
produtividade, mais qualidade, menos artrito e um valioso apoio. Na minha
opinião e experiencia em cerca de 16 anos de posições de liderança em contextos
e empresas varias, não basta ter os numeros e formulas, há que aplicar e depois
partilhar. Não basta eu saber porque é que temos de atender, por exemplo, 1200
chamadas por dia e todas em menos de 30 segundos, tenho de entender eu proprio
o que se passa e o que esta em jogo e passa-lo a minha equipa, explicando o
porque, as consequencias, as metas e depois dando a formaçao necessaria, o
apoio moral/valorização, arregaçando as mangas e trabalhando e exigindo mais de mim do que dos outros.
3) Compaixão. Não me refiro
a caridadezinha arrogante, ao vicio de alguns meios de dar e ajudar só no
sentido de manter as um fosso de diferenciação e um altar do ego. De igual modo
não me refiro a fazer algo que até pode ser de verdadeira utilidade por outrem
mas que disso fazemos propaganda- mais uma masturbação do ego. Compaixão e
fazer porque deve ser feito, é ser e dar porque faz parte de nós. Porque, e so
quando, entendemos que não estamos isolados mas interligados a toda a criatura
vivente e que infligir conscientemente dor, mágoa, injustiça, desprezo a
qualquer um é criar mais um elo na corrente de odio e maldade que ameaça a
propria existencia da vida como um todo. Tem a Compaixão lugar na Economia?
Deveria. Porque? Na medida em que trabalhamos com numeros que espelham o
trabalho ou rendimento de pessoas, que teem vidas, dignidade propria, que
connosco directamente ou não interagem e afectam.Tratar um trabalhador com
dignidade, encontrar consenso possivel entre as necessidades da empresa e as do
trabalhador ira sempre ser de benificio a ambos. Não se pode ter misericordia a
mais por uma pessoa a tal ponto que se mutila uma empresa, mas também o reverso
é verdade, não podemos valorizar tanto a empresa ou o status quo que
desprezamos o ser humano ao nosso lado. Pagar uma formação a um trabalhador, ou
um passe, não é um sacrificio para uma empresa- se o trabalhador aprende e
aplica vai produzir mais e melhor e o que vai render vai ser mais do que o
gastamos.De igual modo um governo que aplica um investimento na educação, tera
uma população mais preparada e formada que poderá ocupar cargos mais bem pagos
e/ou com uma produtividade mais acentuada e por consequencia nao so enriquecer
culturalmente mas retribuir em impostos maiores- já para não falar na obrigação
etica dum governo de por ao dispor da população o dinheiro que esta lhe entrega
sobre impostos de modo a ser aplicada ao bem comum e crescimento fisico e
mental do maior numero de pessoas. Dar seguido de receber mais- seja na
economia, na liderança, nas relações humanas, não é um sacrificio é um
investimento. A parte da Compaixão é ver as pessoas nos numeros e não so o
reverso, e ver que um sistema só é bom quando é bom para o maior numero
possivel de seus contribuintes, participantes e destinatários.
Assim que um economista, um
gestor e um lider no sentido geral, devia ser menos um Oikos Apolion um Destruidor da Casa e mais
Oikos Kidemonas, um Guardião da Casa.
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