quinta-feira, 10 de abril de 2014

ECONOMIA & HUMANISMO


Oikos Nomia, a Gestão/Regra da Casa. Uma amiga acaba agora a sua licenciatura nesta àrea. Conquanto com um curriculo impressionante, profundo e exigente , nele não se inclui Educação civica, Psicologia, Sociologia, História ( nunca em 3 anos lhe ensinaram que salário vem de sal, foi explicado o conceito de permuta e troca por generos mas não exemplificado e explicado como tal foi feito ao longo da história nem mesmo o porquê e como de se começar a fazer cunhagem de metais para moedas e mais tarde a criação de papel moeda- vulgo nota, etc), não inclui geopolitica, etc etc.

 Oikos ou Casa não é apenas tijolo e argamassa, não é aço, vidro, tinta e telha.  Casa é onde sós ou em conjunto encontramos segurança, propósito, apoio e crescimento.Os economistas e os "chefes" de hoje mesmo quando papagueiam códices de boas praticas, quando na ponta da língua nos citam Sun Tzu ou Osho ou a Biblia, raramente no seu dia a dia exercem auto-disciplina, compaixão, equidade, relativização face a prioridades empíricas. A economia actual é economicista, ou seja alimenta-se dos que a compoem mas serve-se a si mesma somente. Ora do que servem numeros, metodos de calculo, fórmulas complexas se não servirem uma utilidade e que o seja para os seus autores e contributores? Pode a cabeça existir sem o torso? Pode a mão dispensar o resto do corpo? Não há essencia ou proposito in-hilo numa filosofia, numa religião, num sistema politico ou numa religião- tanto quanto não há inerente valor ou razão de ser num copo de àgua pousado numa duna do deserto do Sahara a 4000km de qualquer humano.
Um livro é apenas um aglomerado de pasta de papel, linha, tinta e couro, um livro não o é até que alguém nele pegue e o leia- até ser lido um livro é apenas matéria inerte, lido é conhecimento  e emoção transmitido.Assim uma economia cega e auto-serviente é oca e inutil e só terá valor na directa proporcionalidade da sua utilidade para os que a pegam, alimentam e com ela crescem- ou não.

A axiologia, o estudo do valor intrinseco de algo- tendando ser o mais empirico  e o menos moralista possivel, o utilitarismo- a medida em que se avalia a practicalidade e utilidade de um objecto, principio ou pessoa para determinado fim (esperamos o bem comum) e a compaixão universal (o desejo sincero e empático pelo bem estar fisico, mental, emocional e espiritual de todas as criaturas vivas), são, na minha opinião, réguas pelas quais podemos medir, escalar e avaliar seja uma economia, um comportamento, uma religião, etc etc.

Entendo que nenhum humano conhecxe todas as partes da equação da vida, que nenhum de nós é sabedor do todo nem do porvir, podemos ainda assim na nossa limitada esfera de conhecimento tentar aferir o maximo numero possivel de factos, entender as implicações das escolhas, vislumbrar os desfechos possiveis e quando em duvida, aplicar o Principio da Navalha de Ocham, "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor"
 Simples não é insulto nem sinonimo de simplorio, é de facil aplicabilidade e mais proveitoso e capaz meio de obter os resultados pretendidos.

Assim, a economia, enquanto sistema de gestão de uma Casa, duma familia, duma empresa, dum municipio, dum governo, só é útil  para o bem comum se e só se:

1) Axiologia: For baseada em valores empiricos, factos, numeros concretos (mesmo que apenas previstos mas com base em realidade não interpretativa mas pura- o que não é feito nas estatisticas de quase todas as empresas onde com uma pequenissima triangulação ou nova proporcionalidade não real se consegue manipular um relatorio completo de modo que se sirvam os propositos inicialmente estipulados mesmo que nao sejam realistas, factuais ou sequer justos). Infelizmente, é muito comum que quem paga é que decide se publica ou nao, se edita (que é como quem diz, sacode as equaçoes e reinterpreta) ou deixa como é. Esta má gestão é um des-serviço a boa economia e bons principios de quantificação e gestão e é pratica comum até no sector farmaceutico e alimentar- o que notamos quando empresas diferentes apresentam valores e conclusoes escandalosamente dispares sobre o mesmo objecto de estudo- e depois se conciliam quando so por acaso há uma aquisição desta ou doutra parte causando um conflito de interesses mas que porque por detras da cortina publica, ninguem nota e ninguem quer notar.

2)Utilitarismo. A economia e a gestão como um todo teem de ser de utilidade directa, comprovavel, quantificavel e qualificavel por todas as partes envolvidas. Uma empresa que permite atrasos constantes não é utilitaria- a produtividade fica comprometida, a coesão da equipa é afectada (os que cumprem versus os outros) e o proprio trabalhador que esta a chegar atrasado é prejudicado pois nao cresce, nao atinge o seu potencial e não o estamos a preparar para crescer dentro da empresa. Liderar seria falar com a pessoa, por exem,plo, sem fazer uma inquisição, sem juizos de valor, sem comentarios moralistas, simplesmente expor os factos, os numeros- minutos de atraso e trabalho calculado não feito, como isso esta a afectar o proprio e a equipa e oferecer disponibilidade para ajudar a ultrapassar esse percalço. Já pensaram que se calhar um colega atrasado é alguem que vai por os miudos na escola? Ou uma pessoa que luta em silencio contra uma doença crónica? Um colega nosso pode ter começado a chegar atrasado porque se sente invisivel, inutil e não valorizado . Ou pode, é um facto- mas por experiência é o menos comum- ter um ponto de melhoria comportamental e o atraso ser de falta de assertividade (o que volta a questao de que não se sente util nem de impacto no seu meio). Duma forma ou outra utilitarismo seria aplicar as tecnicas de gestão de emoções, gestão de tempo, gestão de recursos (porque temos de saber quanto produz cada um para avaliar quanto produzem todos e dai saber quanta pessoas são precisas para fazer o quê, quando e como), duma forma que seja factual, não moralista, de beneficio directo (imediato e meio/longo termo) para ambas as partes. Na economia podiamos aplicar este principio sendo sinceros, lógicos e realistas quando fazemos contas- saber  distinguir o que queremos do que precisamos, saber que embora querer e precisar sejam diferentes e tenham importancias diferentes , ambos devem ser satisfeitos. Um trabalhador sem tarefas é um desperdicio ao proprio e à empresa; um trabalhador sem valorização moral e sem dinheiro para se alimentar e viver com dignidade (nao falo luxo, falo um trabalhador nao ter de dizer ao filho para beber agua porque nao lhe pagam para dar leite) não vai aguentar muito tempo, não vai ter empatia com a equipa e liderança e tem maior probabilidade de ser um obstaculo a mudança e a decisões hierarquicas que nem sempre podem ser explicadas em detalhe. Um trabalhador por quem puxamos tanto quanto apoiamos (nem mais nem menos de nenhum lado) é alguém que sabemos nos vai dizer as coisas na face, que é mais permeavel a ser formado/ensinado em novos procedimentos, que mais facilmente tera empatia e confiança- porque existe reciprocidade e respeito a par de numeros e metas, o que implica mais produtividade, mais qualidade, menos artrito e um valioso apoio. Na minha opinião e experiencia em cerca de 16 anos de posições de liderança em contextos e empresas varias, não basta ter os numeros e formulas, há que aplicar e depois partilhar. Não basta eu saber porque é que temos de atender, por exemplo, 1200 chamadas por dia e todas em menos de 30 segundos, tenho de entender eu proprio o que se passa e o que esta em jogo e passa-lo a minha equipa, explicando o porque, as consequencias, as metas e depois dando a formaçao necessaria, o apoio moral/valorização, arregaçando as mangas e trabalhando  e exigindo mais de mim do que dos outros.


3) Compaixão. Não me refiro a caridadezinha arrogante, ao vicio de alguns meios de dar e ajudar só no sentido de manter as um fosso de diferenciação e um altar do ego. De igual modo não me refiro a fazer algo que até pode ser de verdadeira utilidade por outrem mas que disso fazemos propaganda- mais uma masturbação do ego. Compaixão e fazer porque deve ser feito, é ser e dar porque faz parte de nós. Porque, e so quando, entendemos que não estamos isolados mas interligados a toda a criatura vivente e que infligir conscientemente dor, mágoa, injustiça, desprezo a qualquer um é criar mais um elo na corrente de odio e maldade que ameaça a propria existencia da vida como um todo. Tem a Compaixão lugar na Economia? Deveria. Porque? Na medida em que trabalhamos com numeros que espelham o trabalho ou rendimento de pessoas, que teem vidas, dignidade propria, que connosco directamente ou não interagem e afectam.Tratar um trabalhador com dignidade, encontrar consenso possivel entre as necessidades da empresa e as do trabalhador ira sempre ser de benificio a ambos. Não se pode ter misericordia a mais por uma pessoa a tal ponto que se mutila uma empresa, mas também o reverso é verdade, não podemos valorizar tanto a empresa ou o status quo que desprezamos o ser humano ao nosso lado. Pagar uma formação a um trabalhador, ou um passe, não é um sacrificio para uma empresa- se o trabalhador aprende e aplica vai produzir mais e melhor e o que vai render vai ser mais do que o gastamos.De igual modo um governo que aplica um investimento na educação, tera uma população mais preparada e formada que poderá ocupar cargos mais bem pagos e/ou com uma produtividade mais acentuada e por consequencia nao so enriquecer culturalmente mas retribuir em impostos maiores- já para não falar na obrigação etica dum governo de por ao dispor da população o dinheiro que esta lhe entrega sobre impostos de modo a ser aplicada ao bem comum e crescimento fisico e mental do maior numero de pessoas. Dar seguido de receber mais- seja na economia, na liderança, nas relações humanas, não é um sacrificio é um investimento. A parte da Compaixão é ver as pessoas nos numeros e não so o reverso, e ver que um sistema só é bom quando é bom para o maior numero possivel de seus contribuintes, participantes e destinatários.

Assim que um economista, um gestor e um lider no sentido geral, devia ser menos um  Oikos Apolion um Destruidor da Casa e mais Oikos Kidemonas, um Guardião da Casa.

Citando Seneca, "Dum inter Homines sumus, Colamus Humanitatem", rudemente traduzido, "Já que estamos entre os homens/humanidade, sejamos Humanos"

Sem comentários:

Enviar um comentário