domingo, 2 de março de 2014
Escolhas e Consequências
Ao longo da minha vida, como todos nós, tive situações em que tomei escolhas por vontade própria, outras por me encontrar numa encruzilhada que a tal me forçava ou por vezes até por antever tal momento no horizonte e fazer a escolha antes de a mesma me ser imposta.
Muitas das escolhas que fiz na vida,fi-las por instinto, por experiência, por saber ler os sinais de coisas por vir e, bem, acima de tudo porque sentia que era a coisa certa a fazer.
A parte lógica e fria da minha pessoa acha não só arriscado mas insensato e por vezes inutil esse salto; há saltos de fé e saltos de medo. Estou a saltar porque temo o que me oprime ou por ânsia do que posso alcançar?
Ninguém, eu penso, deve desistir só porque as coisas estão dificeis. Nada do que vale realmente a pena é facil. Mas também é verdade- para mim, pelo menos, que nada que vale a pena, deve ser tão dificil que exija uma expiação tão profunda que ponha em causa a nossa integridade (fisica, emocional ou espiritual).
Mas hoje, e não pela primeira vez na vida, olho e penso no que escolho e se tal de facto foi válido. Até que ponto tentar rumar pela vida com uma bússola ética é útil ou benéfico? Para mim e os que me rodeiam?
Recentemente tive de tomar escolhas dificeis. Numa altura em que a minha saúde piora e ainda sem perceber a causa, porque a Vida tem coincidências tramadas- fui encostado a parede no trabalho para ser cumplice de uma situação que creio não ser nem correcta nem eficiente.
Tentei mudar a situação por dentro, mudar mentalidades, fazer ver (e dar o exemplo) que podiamos fazer mais e melhor, validar/reconhecer o que de bem se fazia , alertar para as implicações do caminho que seguiamos, mostrar por exemplo que ninguém sai beneficiado das medidas a ser impostas. Infelizmente não surtiu qualquer efeito.
Quando desempregado, na semana seguinte, a minha saude piorou e tive que decidir mais uma questão. Usar tudo o que poupei em análises e tratamento ou guardar tal como complemento para que não passasse necessidade. Decidi pela saúde. Cerca de 600€ depois, ainda não estou bem mas mais sereno e no geral melhor. Por outro lado, corto em tudo o que posso e um pouco no que não devo, tento rentabilizar os meus hobbies e coloquei alguns bens a venda.
Terá valido a pena enfrentar os poderes instituidos? Terei feito bem em tentar dissuadir um gigante de pés de barro? Deveria ter ficado calado e não me importar? Deveria acreditar tanto numa entidade cósmica que não fizesse qualquer exame clinico, esperar pelo melhor e ter comida garantida no prato?
É dificil acreditar em decisões baseadas em ética e humanismo ou até mesmo lógica pura e fria, quando nos vemos isolados num canto e com olhos num horizonte nublado. Lógica não enche um estômago e ética não põe um tecto sobre a minha cabeça.De que bem serei, que impacto positivo e ajuda posso dar se nada tiver sequer para mim?
Talvez seja tolo ou abertamente estúpido, mas a opção é pior. Que homem eu seria se tivesse a carteira e estômago mais pesado e com eles a minha consciência?
Vem à mente a balança do Livro de Caminhar pelo/para o Dia (a.k.a. Livro dos Mortos egípcio). No meu ver de pouco adianta e seria tolo pôr o coração ou alma tão alto que o meu corpo se definha por completo, o oposto sendo igualmente mau. Deve haver, e busco e acredito num equilibrio entre a ambição pessoal adequada e a garantia do bem estar e felicidade alheia. As minhas escolhas do passado foram na sua maioria assim guiadas e, acredito sinceramente, ajudadas por Alguém maior que eu - tanto ou mais que pelo meu esforço.
Como alguém disse "Devemos, quando perante os muitos desafios da vida, ajoelhar e falar com Deus como se tudo d'Ele dependesse e depois levantar, arregaçar as mangas e trabalhar, como se tudo ddependesse de nós". A par de alguma ansiedade e expectativa, talvez um pouco mais ainda, estou sereno por escolher não por as minhas ambições (por mais justas que sejam) nem abaixo nem acima da dos meus pares. Haja ou não um parente Celestial a olhar hoje para mim, sei que me olho melhor ao espelho hoje e isso ajuda-me, muito.
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