segunda-feira, 17 de março de 2014

Somos o que Escolhemos

"O comércio mundial de armas convencionais aumentou cerca de 14 por cento entre 2009 e 2013, em relação aos anteriores quatro anos, divulgou no sábado o Instituto Internacional de Estudos para a Paz, de Estocolmo, na Suécia. Os cinco principais exportadores -- Estados Unidos, Rússia, Alemanha,  China e França -- são responsáveis por 74 por cento das vendas mundiais  de armas, sendo que os dois primeiros somam mais de metade, com 56 por cento."

     No auge da crise económica estes 5 países aumentaram,entre outros bens, a venda de armas. Através de estes se alimentaram ainda mais exércitos de países de economias emergentes já por  sim com graves situações a nivel de conflitos internos. Caxemira continua como a area mais militarizada por metro quadrado no mundo inteiro- raramente se fala disto. O Tibete está completamente cheio de pessoas de etnias autoctones da China, umas pagas , outras deslocadas por trabalho poutras forçadas a isso para diluir a cultura e destruir por dentro qualquer ambição e independência (é um pouco como a Crimeia, enche-se de um povo estrangeiro até a exaustão até que uma maioria estratégica e forte consiga dobrar os resultados seja num conflito ou numa votação).

Mas porque nãos e fala mais disto? Porque não se fala do que de perigoso pode estar a suceder com a China, India e Paquistao- os 2 primeiros com uma preocupante taxa de exportação de armas semi-vulgares e uma importação de poder bélico, seus conhecimentos e catrivando agora também muitos cientistas de outras paragens para suas terras.

O que esperar da China quando arma Paquistão, Birmãnia e Bangladesh- todos á volta da India? A China (enquanto governo opressivo, não o seu povo) comprou o silêncio e inércia do Ocidente ao comprar as dividas externas  de muitos países e porções consideraveis de empresas em sectores estratégicos noutros (como o caso da EDP em Portugal, um bloco massivo de seguradoras nos E.U.A., etc).

No Médio Oriente as facções pro-democraticas recebem armas e know-how dos E.U.A., da Alemanha e da França (embora estes dois ultimos ainda vendam mais armas - a nivel percentual e não numérico, para exércitos e guerrilhas africanas que sabem estao em incumprimento dos Direitos Humanos e a bloquear a ajuda humanitária da ONU de forma que cerca de somente 10% de todo o dinheiro e comida e medicamentos para lá enviados vão parar a quem precisa). Esses paises no Medio Oriente com ambiçoes democraticas vão vendo os lugares de poder ser disputados por pessoas com pouca ética mas boas conexoes e muito dinheiro e prometendo ao Ocidente fidelização, contratos de reconstrução e materias primas se lhes derem armas- se não o fizerem a Russia não hesitará. O Ocidente vê, ouve, assina contratos chorudos, cala, dá armas aos lideres que não correspondem as expectativas de liberdade e progresso efectivo dos filhos da Primavera àrabe. isto lembra demais o inicio das revoluções apoiadas pelo Ocidente, que levaram ao poder tiranos que depois se voltaram contra o Ocidente.
As outras facçoes não tão liberais e com uma maior repugna pelo Ocidente, fazem acordos semelhantes com a Russia e nos ultimos 6 anos com a China também. A Russia começa- ainda que só ligeiramente, a perder terreno de negociaçoes e conexoes geo-politicas para a China e por isso começa agora a mostrar os musculos do grande Urso Siberiano. A Russia so agora começa o seu projecto de reintegraçao federalista da URSS- porque se não o fizer pode se tornar num pais satelite da China e não o mais poderoso adversário da Eurásia.

Mas não se fala de nada disto. Onde param as ambições da Russia? Porque não teme a Turquia o que se pasa na Crimeia e que vai resvalar para eles- são o próximo ponto estratégico  de real utilidade. Roménia e Bulgária estao anestesiadas ou as noticias é que não passam os seus temores?
O que prepara a China ao armar todos os paises que consegue a volta da India (escapa Nepal e Butão que teem mais simpatia pela India que por qualquer outra nação- o que lhes pode custar muito num futuro nao muito longinquo).
O que prepara Israel para que os E.U.A. e a França aumentem objectiva e logisticamente o seu apoio ao seu arsenal nuclear (o maior per capita do mundo)?
Porque é que Alemanha e França aumentam sua dependencia de energia nuclear, aumentam propagandisticamente energias renovaveis. estabelecem acordos energéticos com Argélia, Libia e Arabia Saudita. Como e porquê a França e Alemanha têem mais armas nucleares per capita em toda a Europa - na realidade juntos teem mais que a Europa toda junta. O que temem venha do Oriente para buscar independencia energética, armaram-se ate aos dentes, assegurar relaçoes com países africanos e não intervir nos que agora se aproveitam da confusão da Primavera Àrabe -nem com os atropelos aos Direitos Humanos na America do Sul?
Como é que os E.U.A. e a Europa não dizem nem fazem nada - e não digo dar armas, lições de moral ou negocios dubios mas falar, simplesmente falar- acerca do que se está a passar na Argentina, na Venezuela, no Brasil?
Enquanto português (ainda que com mistura de sangue indiano), estou chocado e envergonhado pelos poderes instituidos não mostrarem nenhum grau de empatia com o povo do Brasil, com suas justas ambições, cvom seu grito de liberdade de "Basta". A desflorestação aumenta para dar lugar a pasto para picanha, para o Mundial de Futebol arrasaram bairros inteiros sem dar opçao de morada, negócios altamente danosos teem sido feitos nos ultimos 14 anos com companhias norte-americanas como a Monsanto para castrar a independencia agricola do país, etc.

Temos, todos nós, governos muito hipocritas, cheios de telhados de vidro.
Somos, todos nós, povos com ambiçoes justas- ha lobos vestidos de ovelhas em todos os rebanhos mas isso não deve manchar o rebanho todo.
As Nações Unidas nunca foram tão necessárias como hoje desde a sua fundação, mas precisamente como a sua génese- a corporação bancária e energética que unia paises para fins de recobro economico pos Segunda Guerra Mundial, as Nações Unidas, a esperança que tantos nela depositaram, reverteu para pouco mais que uma grande assembleia de empresas poderosas (agro-pecuaria, farmaceutica, armamento, etc), bancos e menos de 100 familias detentoras de incrivel riqueza material mas pobres de espirito, vestidos com ódios antigos que só fingem ter largado.

Odios raciais, etnicos ou nacionalistas não são apenas indignos e destrutivos - para quem os sente tanto como para a vitima; é puramente cegueira. Somos todos cada vez mais refugiados em nossas proprias casas. Voltam-se pais contra filhos, funcionarios publicos contra privados, estimulados no trabalho com tecnicas ditas de marketing e competitividade laboral que pouco mais são que tecnicas desleais e desumanas de descaracterização do Humano, somos ludibriados a pensar que precisamos todo um universo de bens que são inuteis mas que nos inculcam como indispensaveis, ha cada vez mais leis e dinheiro para as patrulhar mas só nos sectores relevantes a economia não na educação, cultura ou saude onde se corta; aumentam empresas pseudo eco-friendly que todos sabem nao o ser mas que crescem e como subsidiarias de gigantes de farmaceutica e grandes empresas sementeiras geneticamente modificadas que usam mais animais (ratos, porcos, macacos, beagles) para cosmética que para medicamentos.

Não é odiando uns aos outros que vamos sair disto. Não é através do consumo desenfreado e desperdicio, impacto ambiental e promoção de força de trabalho escrava adjacente (um dia calha a Bangladesh, outro a China, outro a India Portugal e  Grécia que se preparem).
Não é também atraves de vandalismo que se faz algo de bom- isso são desabafos de frustraçoes pessoais e aproveitamento da indignação popular; não é através de derramar o sangue que calha sempre aos mesmos inocentes que se ganha o que seja sem ser vergonha e desonra.

Querem uma revoluçao? Comecem em casa.
Apaguem a televisão mais vezes, falem mais com os vossos filhos, brinquem com eles. Visitem os vossos pais. Em vez de comprar aqueles sapatos de marcas feitas por crianças na China ou Bangladesh- onde se cai uma fabrica inteira e mata todos trabalhadores se passa a produçao para o predio ao lado sem penalizaçoes- comprem calçado que nao seja apenas brilhante mas duradouro.
Consumam frutas e vegetais só da epoca. Em vez de comprar aquela revista esta semana ou aquele telemovel que acaba de sair, comprem uma saca de comida e dêem a um familiarEnchemos estadios de futebol e de concertos e os seus bilhetes esgotam com antecedencia incrivel; saltem um só festival, um jogo: se cada pessoa comprasse 50€ de comida uma vez por ano e desse a uma organização ou melhor ainda directamente a um vizinho ou sem abrigo na rua, não era somente a fome que mitigavamos, era a esperança na Humanidade que mantinhamos acesa e sentiriamos mais auto-confiantes o que tambem nos ia poupar em medicamentos e bens que so compramos porque não estamos bem interiormente.

São pequenas coisas? Sim. Vão mudar o mundo? Não per se. Vai mudar o clima crescente de tensao em Crimeia, cabinda ou Caxemira? Não per se. Mas ao percebermos a diferença que fazemos no nosso bem estar ao melhorar o bem estar de alguem, crescemos, abrirmos a mente, acordamos um pouco, saimos do coma automatico de acorda-trabalha-paga impostos-ve tv-compra+compra+compra-dorme. Saimos deste coma induzido mais energicos, deixamos de comprar tantos anti-depressivos e ansioliticos das mesmas companhias que detem empresas de cosmetica e ietetica que se alimentam da baixa auto-estima, deixamos de compulsivamente comprar o que não precisamos só para compensar o vazio emocional e turpor intelectual.

Tanta manifestação tenho visto nas ruas pelos direitos dos trabalhadores nos ultimos anos- e com justificação entendo. Atrevo a sugerir: quando uma manifestação de indignação pelo Tibete? Quando uma manifestação de indignação pela comida e medicamentos que raramente chega a quem precisa na Àfrica Sub-Sahariana? Para quando uma manifestação de empatia pelos nossos irmãos do Brasil, pela fome, doença e destruição cultural que cresce num país com tudo para ser tanto mais e um povo - como todos nós, com aspiraçoes e potencial tão alto?

Podemos escolher- nao tudo mas muitas coisas podemos escolher. Escolher mais um concerto de Verão ou um voluntariado de limpeza das matas, de reconstruçao de um bairro social. Podemos escolher não sair a discoteca  so um fim de semana- não digo sempre, faz bem sair e divertir e a economia local agradece, mas um so fim de semana, não saiam para o bar- vamos visitar os nossos avós que estão isolados., ou alternar e dar explicaçoes as crianças nos centros sociais ou repintar um parque infantil degradado ou limpar a União Zoofila.
Podemos escolher entretantos posts de facebook e tweets, parar so um momento e escrever um mail rapido, conciso, educado mas honesto aos nossos lideres politicos e pedir contas da esperança e poder que lhes investimos.
Podemosligar e ir tomar café com aquele amigo ou amiga que todos temos, pelo menos um, que atravessa um momento dificil- podemos nao saber o que dizer, podemos ate sair de lá cansados e vazios e energias sem nada termos dito só ouvido, mas não so reganhamos força por ter feito o que é certo como iluminamos nem que seja por uns minutos a vida de quem pode estar a sentir-se invisivel, sozinho e pária.
Podemos mandar uma sms à nossa Mãe, Pai, companheira/o só para dizer "Olá. Pensei em ti, espero que estejas bem".
Podemos pelo menos olhar nos olhos dos sem abrigo quando temos de dizer que não temos nada- pior que não dar comida é não validar sequer a sua existencia, tratar como se fossem invisiveis ou intocaveis. Não proponho dar dinheiro ou conversa, cada um escolhe o que faz e nem sempre dar algo material é uma opção ou a melhor escolha, mas dar desprezo é indigno.

Escolham! Uma geração tão inteligente, tão com as emoçoes a flor da pele, com tantas ferramentas de comunicação e de educação academica como nunca antes o mundo viu, sabe concerteza a força que tem um pequeno desvio de rota.

Escrevo isto porque pensei em vocês, na minha familia, em mim, e espero que estejam bem e que fiquem melhor.

Sem comentários:

Enviar um comentário